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Saúde suplementar discute mudanças

Especialistas reunidos em fórum apontam soluções para corrigir o sistema.


Um retrato dos principais problemas que afetam a saúde privada no país foi apresentado no 3º Fórum da Saúde Suplementar, realizado pela Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), nos dias 5 e 6 de outubro, em São Paulo. Entre as principais soluções discutidas estão um novo modelo de remuneração médica, maior controle de fraudes com a criminalização dos envolvidos e transparência de dados.


Em alguns casos, a judicialização está relacionada à fraude. “Investigamos as solicitações que chegam da Justiça e encontramos diversas fraudes, principalmente na compra de medicamentos de alto valor. Em um único esquema, a fraude chegava a R$ 40 milhões. O mesmo acontece na saúde suplementar”, disse o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Francisco de Assis Figueiredo. A presidente da FenaSaúde, Solange Beatriz Palheiro Mendes, ressaltou a necessidade urgente de criar legislação antifraude no país e de investir em centros de investigação.

Para o presidente da NHCAA, Associação Antifraude dos Estados Unidos, Rick Munson, é importante que a troca de informações seja tratada como dados. “Em se tratando de fraudes não há concorrentes, há parcerias”, afirmou. Em 2013, a justiça americana determinou que as informações de valores cobrados por médico e por procedimento fossem divulgadas apesar do direito de privacidade do médico.


Ao mesmo tempo, a Lei Sunshine determinou que a indústria farmacêutica e os fabricantes de equipamentos médicos apresentassem todos os benefícios e presentes dados aos médicos. “Isso deu mais transparência ao setor”, reconheceu o presidente do Instituto Norte-Americano de Custos da Saúde Suplementar (HCCI), Niall Brennan. “Processada na justiça, a indústria reconheceu que estava influenciando médicos a usarem determinados remédios e procedimentos”, explicou.


A incorporação de novos produtos aumentam os custos, mas nem sempre melhoram os desempenhos. Segundo a oncologista e especialista em auditoria médica, Stephen Stefani, a prescrição de exames e procedimentos sem necessidades acarretam um desperdício enorme no setor. “Mas só haverá realmente uma mudança se alterarmos o modelo de remuneração. O pagamento por fee for service só estimula o desperdício e a sobreutilização”, disse.


“A mudança do modelo de remuneração é urgente”, disse a presidente da FenaSaúde. Outra mudança importante, segundo ela, é a incorporação do médico de família, da segunda opinião médica e a flexibilização dos modelos de contratação de planos para as empresas. “A sociedade exige melhores tomadas de decisão com o olhar no beneficiário”, finalizou.


Plano de saúde faz diferença para idosos


Durante o fórum, a FenaSaúde divulgou pesquisa realizada pelo Datafolha com 1.110 entrevistados a partir dos 60 anos – com e sem plano de saúde – nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. O levantamento conclui que 64% dos idosos detentores de planos de saúde têm percepção de estado de saúde ‘bom ou ótimo’. Esse índice cai para 53% para os que não dispõem do serviço.


Segundo o Datafolha, 51% acima dos 60 anos na amostra faz, pelo menos, um exame a cada seis meses. Esse número cai para 39% para os idosos que não têm plano. Dos 34% de idosos que fizeram planejamento financeiro, 46% possuem plano de saúde. Já os 66% que não se planejaram, 73% não têm o benefício.


Atualmente, há 6,2 milhões de beneficiários acima dos 60 anos – grupo que mais cresce nos planos de saúde. Nos últimos doze meses até julho, aumentou em 2,3% o número de idosos detentores de planos, enquanto as faixas etárias mais jovens apresentaram quedas significativas de beneficiários.


Fonte: Revista APTS Notícias (ed. 128) - PDF Online

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