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Desigualdades no setor de seguros

Mulheres são minoria em cargos de liderança e ganham menos que homens.


As mulheres representam 56% de todos os funcionários de seguradoras e 58% dos profissionais com formação superior ou pós-graduação. Mas, ainda convivem com desigualdade profunda entre gêneros. Essa disparidade se reflete na distribuição dos cargos de liderança e, consequentemente, também nas faixas de remuneração. Os dados são do 2º Estudo Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil, da Escola Nacional de Seguros, apresentado no dia 26 de outubro, na sede da instituição.


O estudo coordenado pelos professores Maria Helena Monteiro e Francisco Galiza – respectivamente, diretora da área de Ensino Técnico da Escola Nacional de Seguros e consultor da Escola - aponta os desafios e gargalos da força de trabalho feminina em um segmento que, apesar da persistente crise econômica, atrai um número crescente de profissionais.


Apesar de representarem a minoria, os homens ficam com sete de cada dez cargos executivos nas empresas seguradoras. De todos os funcionários masculinos de uma seguradora, 4,7% se tornam executivos. Na ala feminina, essa proporção cai para 1,4%. Isto é, a probabilidade de um homem se tornar executivo da empresa é quase 3,5 vezes maior que a de uma mulher.


Nos cargos intermediários, a proporção é semelhante. Em 2015, seis em cada dez gerentes das empresas seguradoras eram homens. De todos os funcionários masculinos de uma seguradora, 10,6% se tornam gerentes; entre elas, esse índice foi de 5,4%. Logo, a chance de um homem alcançar o posto de gerente é duas vezes maior que a de uma mulher.


A diferença é ainda mais gritante ao se considerar a remuneração da mão de obra feminina neste mercado. Em uma amostra com 18 empresas seguradoras (que representam de 85% a 90% do total de funcionários do setor), o salário médio é de R$ 4.520/mês. Os homens recebem R$ 5.371, em média, contra R$ 3.858 mil para mulheres. Dessa forma, o salário médio das mulheres corresponde a 72% da remuneração dos homens.


De acordo com Galiza, os números apurados no mercado de seguros brasileiro estão próximos dos verificados em outros países. Em 2013, a empregabilidade masculina situou-se em 72%, contra 47% nas mulheres. Globalmente, as mulheres também recebem menos do que os homens (entre 60% a 75% dos salários). Entretanto, do ponto de vista econômico, a igualdade de gênero levaria a um ganho de US$ 850 bilhões em dez anos.


Maria Helena Monteiro chamou atenção para a representatividade da mulher na economia brasileira. Ela citou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que mostra a evolução do papel feminino. Em 2001, no Brasil, 27 das famílias eram chefiadas por mulheres. Em 2009, passou para 35%. Em 2014, esse número foi de quase 40%, o que representava 28 milhões de lares no país. “Foi uma mudança expressiva em somente 15 anos e que deverá ser acentuada com o aumento do desemprego”, disse.

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