Esta é a expectativa dos corretores de seguros, que estimam a entrada de 20 milhões de novos clientes.
Os proprietários de carros com mais de cinco anos de fabricação poderão adquirir seguro com preço 30% menor que a média de mercado, graças ao seguro popular de automóvel, que possibilitará a utilização de peças usadas no conserto dos veículos. A proposta de regulamentação do novo seguro, colocada em consulta pública pela Susep até meados de janeiro, foi recebida com otimismo pelo mercado de seguros.
Mas, apesar de ser um pleito antigo dos corretores de seguros, a proposta também foi alvo de críticas da categoria. Muitos discordaram do enunciado do artigo 9º, alínea “d”, que sugere a inserção no frontispício das apólices um aviso em destaque ao segurado de que “o corretor e a seguradora deverão informar o percentual e o valor da comissão de corretagem aplicada, sempre que estes forem solicitados”.
As entidades representativas dos corretores, liderada pela Fenacor, sugeriram à Susep a eliminação da alínea “d” do texto da proposta. Em manifesto assinado por Armando Vergílio dos Santos, presidente da Fenacor, o argumento foi de que tal exigência poderia trazer “aborrecimentos” e “desestimular” os corretores. No documento, ele justifica: “(...) não devemos no ater, simplesmente, no nosso entendimento, em estabelecer dificuldades e, ao mesmo tempo, desestimular o próprio corretor de seguros com desnecessária exposição”.
Durante sua participação em almoço do Clube dos Corretores de Seguros de São Paulo (CCS-SP), no início de fevereiro, o presidente do Sincor-SP, Alexandre Camillo, comentou o assunto. Segundo ele, uma leitura mais atenta da alínea poderia trazer melhor entendimento sobre a proposta da Susep. “Quem leu, viu que havia apenas o pedido para constar no frontispício da apólice uma informação ao segurado. Ou seja, não era para constar a comissão, mas o pedido. Lembrando que o Código de Defesa do Consumidor garante ao segurado o direito de saber qual é o carregamento comercial de sua apólice”, disse.
Na opinião de Camillo, o foco na questão da comissão desviou atenção dos corretores do mais importante, que é a estrutura técnica do produto. Coube ao grupo de trabalho constituído pela Fenacor e FenSeg, segundo ele, identificar que o diferencial do seguro é a possibilidade de utilizar peças recicladas na reparação de veículos, bem como os potenciais clientes, estimados em 20 milhões de automóveis. Porém, concluindo que o mercado não dispõe de peças recicladas suficientes para esse volume, o Sincor-SP sugeriu à Susep incluir na resolução a possibilidade de serem usadas também peças originais, remanufaturadas e de segunda linha.
Em meio à crise, o grande ganho que o seguro auto popular trará aos corretores, segundo a avaliação do dirigente, será a entrada de 20 milhões de clientes, predominantemente de baixa renda. Ele aconselhou aos corretores que se prepararem para prospectar esse contingente, que necessitará de orientação e assessoria. “Além desse volume de novos clientes, esse seguro trará a reboque o combate à pirataria e à atuação ilegal de cooperativas e associações”, disse.