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Impeachment piora a economia, mas não acaba com o país, diz ex-ministro

Em evento do Sindseg-SP, Maílson da Nóbrega considerou que a saída da presidente poderá agravar a situação da economia, mas não impedirá sua recuperação.


Poucas horas antes do anúncio de acolhimento do pedido de impeachment por Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, o ex-ministro Maílson da Nóbrega falava para uma plateia atenta de lideranças do setor de seguros sobre o cenário econômico futuro, com ou sem a troca de comando no governo. No dia 2 de dezembro, em almoço de fim de ano do mercado segurador de São Paulo, realizado pelo Sindseg-SP, no Maksoud Plaza, o ex-ministro trouxe uma notícia ruim e uma boa. A ruim é que a crise ainda vai piorar; a boa é que depois melhora. Significa que o próximo ano será difícil, mas a recuperação econômica começará em 2017 e avançará até 2018, quando então haverá a eleição de novo presidente da República. Seu palpite é que o eleito sairá dos quadros do PSDB.


Maílson se mostrou cético em relação à possibilidade de impeachment. “Acho que não haverá e que a Dilma concluirá o seu mandato. Ela precisa estar lá para que as leis sejam cumpridas, as normas sejam observadas e para pagar seus pecados”, afirmou. Mas caso essa possibilidade se confirmasse, também poderia apostar na permanência da presidente. O ex-ministro lembrou que, exceto pela decisão solitária do presidente da Câmara, todas as outras quatro etapas do processo envolvem muitas pessoas, inclusive dois terços dos deputados. E se o processo avançar, tranquilizou: “o Brasil não vai acabar”. Desde o impeachment do presidente Collor, o Brasil obteve conquistas, como a democracia, as instituições e o amadurecimento da população, que em sua opinião são “indestrutíveis”.


Maílson previu o agravamento da crise econômica e política no próximo ano, mas tratou tranquilizar a plateia de seguradores, afirmando que o país reúne todas as condições para não apenas se recuperar, como para voltar a crescer. A chave para o crescimento econômico será a produtividade. Porém, alertou que depende de reformas, tributária, previdência social, infraestrutura e logística etc., reconhecendo, em seguida, que “estas reformas são complicadas, porque hoje há uma deficiência no governo”. Mesmo que a presidente permaneça no poder - o que seria o melhor cenário para o país, a seu ver -, será preciso seguir a lei. “Erramos na escolha da presidente, mas ela não pode sair do poder, a não ser de acordo com a lei”, frisou.


Na avaliação de Maílson, o país reúne os três elementos de uma ordem política virtuosa, como bem identificou o cientista politico americano Francis Fukuyama em suas obras. O país possui um estado forte, no sentido institucional de prover educação de qualidade e ambiente para a prosperidade dos negócios; um estado de direito, segundo o conceito inglês de que ninguém está acima da lei; e accountability, termo que não tem tradução, mas que representa a obrigação da prestação de contas. “Isso não significa que não haverá crise, mas essa ordem será preservada ao longo do tempo”, disse.


Ainda que 3 milhões de famílias retornem às classes D e E, conforme apurou estudo da Tendências, o ex-ministro descarta o risco de convulsão social, já que a maioria está amparada por um amplo programa social. Nas suas contas são 150 milhões de assistidos pelo governo: 50 milhões do Bolsa Família; 80 milhões da Previdência Social (com 32 milhões de segurados); 10 milhões de funcionários públicos; seguro desemprego, Bolsa Presidiário etc. “Em resumo, a comida não vai sumir do prato do pobre”, afirmou.


O que poderia piorar o cenário, em sua visão, é a perda do grau de investimento, desta vez pela Moodys. Entretanto, por maior que sejam as manobras do governo para reduzir gastos, como foi o caso do corte do número de ministérios, o orçamento é rígido. Dai porque dependerá da CPMF para fechar as contas. “Sem o imposto, o governo poderá caminhar para uma situação de insolvência”, disse. Mas, o ex-ministro apontou a solidez das instituições e as oportunidades que o país apresenta como as condições necessárias para “atravessar esse deserto”. Ele confia que o Brasil tem condições de iniciar um novo ciclo de prosperidade em 2018.


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