Em sua trajetória no setor, Mauro Batista pratica valores, como a ética, o equilíbrio, a conciliação e a verdade, que, hoje, faz questão de repassar aos mais jovens.
No dia a dia, as atribuições de Mauro Batista não são poucas. Ele preside o Sindicato das Seguradoras de São Paulo (Sindseg-SP) e também a Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP). Mas, além da direção das duas entidades, também exerce outras atividades, como a participação em três Conselhos: o da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), da Escola Nacional de Seguros (Funenseg) e da BBMapfre Seguradora; e ainda entidades como o Instituto São Paulo Contra a Violência e a Associação “Viva o Centro”. No entanto, não se aflige com tantas responsabilidades.
Disciplinado e organizado, cumpre à risca seus compromissos diários com bastante tranquilidade. “Tenho absoluto domínio da minha agenda, que eu mesmo programo”, informa. Seu jeito sério e postura equilibrada, traços marcantes de sua personalidade, não significam, entretanto, que não dê vazão à emoção. Ao contrário. Em se tratando de trabalho, se autodenomina um entusiasta, principalmente diante de oportunidades. Mas, frisa que sabe bem discernir o que vale a pena.
Também se considera uma pessoa otimista, de fácil trato e com certo dom de mediação. “Sempre consigo contemporizar conflitos, encontrando um meio de buscar o equilíbrio nas relações pessoais, que valorizo muito”, afirma. Não por acaso, estas qualidades estão presentes no perfil de grandes líderes. “O líder deve ter boa dose de equilíbrio, de otimismo controlado e de bom senso, além de saber entender o ser humano”, diz. Mas, se pudesse resumir todas as qualidades de um bom líder, ele diria que a condição essencial é “equilíbrio”.
Aos 68 anos de idade, casado há 45 anos e pai de quatro filhos, dos quais três seguiram seus passos na área de seguros, Mauro Batista diz que gosta de falar aos jovens, transmitindo, principalmente, conceitos de moral e ética. “O jovem deve curtir a vida, mas sem perder a devida noção do que é compatível com a decência e a ética. Deve respeitar o idoso, a mulher e ser uma pessoa de bem, verdadeira. No trabalho, tentar ser agregador e comprometido com a eficácia e os resultados. Se mantiver a decência, a ética e a verdade acima de tudo, poderá abraçar qualquer carreira que terá sucesso”, orienta.
Novos rumos
Mauro Batista foi um jovem empreendedor. Nascido em Uberlândia (MG) e criado em Goiás, ele assumiu aos 23 anos a diretoria da indústria de borracha e loja de pneus da família. Nessa idade, também já era casado e pai do primeiro de seus quatro filhos. Sob seu comando os negócios da família prosperaram. Porém, em virtude de um conflito na direção da empresa, decidiu dar novo rumo à vida profissional. Mas não previa que essa decisão definiria para sempre sua carreira.
Recebeu do amigo Wagner de Barros - que era muito ligado a Leonídio Ribeiro Filho, então presidente do banco de Goiás e, posteriormente, representante político da SulAmérica Seguros em Brasília (DF) -, o convite para trabalhar na área de seguros. Na transição da indústria de borracha para a indústria de seguros não houve choque. “Seguro não era um bicho estranho para mim, porque já controlava os contratos na empresa da família”, diz.
Mas o que contou mesmo foi o gosto que tomou pela área. Tanto que na seguradora também progrediu rapidamente, assumindo mais responsabilidades. Em Brasília, atuou por oito anos. Comandou grandes equipes e ascendeu ao posto de superintendente na matriz, no Rio de Janeiro, onde trabalhou por alguns meses. “Foi uma grande escola, na qual fiz muitos amigos”, diz.
Em 1990, foi convidado por Mario Petrelli, até hoje seu grande amigo, para trabalhar na então recém-criada seguradora Roma, das Organizações Globo, cujo nome representava as iniciais de Roberto Marinho. Mais tarde, Petrelli saiu da empresa, mas Mauro Batista continuou. Foi nomeado vice-presidente executivo e, posteriormente, presidente, permanecendo 12 anos no cargo até a venda da seguradora para Mapfre, quando passou a se chamar Mares Seguradora de Riscos Especiais. Ele ocupou a presidência da Mares por dois anos e depois se tornou conselheiro.
Líder Institucional
A porta de entrada de Mauro Batista na vida associativa foi a Federação Nacional das Empresas de Seguros (Fenaseg), a convite do então presidente João Elísio Ferraz de Campos. Durante os doze anos em que compôs a diretoria, ele conta que trabalhou forte na consolidação do seguro como verdadeiro instrumento de proteção. “Foi uma experiência fantástica”, avalia, acrescentando que teve a oportunidade de conviver e interagir com pessoas de todo o mercado.
Sua atuação na diretoria da Fenaseg lhe rendeu a indicação para a presidência do Sindseg-SP. Do seu primeiro mandato em 2007 até o atual, que se encerra em 2016, o sindicato paulista tem acumulado realizações, principalmente, na esfera da disseminação da cultura do seguro. Entre as principais estão os programas Cultura do Seguro, voltado para jovens do ensino fundamental; o Seguro em todo o Estado, em parceria com o Sincor-SP; e o Pense Seguro, em parceria com o CIEE e o Sincor-SP, que divulga o benefício do seguro a universitários.
A mais recente realização do Sindseg-SP sob o comando de Mauro Batista foi a modernização da sede, com mudança para a avenida Paulista, em 2014, depois de 50 anos instalada no centro de São Paulo. Para o dirigente, as novas instalações marcam um novo ciclo na história da entidade. “Reforça o compromisso de manter a qualidade de seus serviços para as suas associadas e reafirma a sua missão de disseminar a cultura do seguro, tornando-o cada vez mais conhecido pela sociedade”, diz.
Líder acadêmico
No tempo que ainda trabalhava na seguradora Roma, Mauro Batista construiu uma sólida amizade com Manuel Soares Póvoas, então vice-presidente do Conselho de Administração da empresa. Revelando sua imensa admiração pelo amigo, ele o descreve como “grande jurista, economista e estudioso de vários assuntos, sobretudo seguros com ênfase em previdência complementar”. Póvoas, falecido em 2009, foi um dos principais nomes a defenderem a propagação de uma “cultura do seguro” no Brasil e em Portugal, sua terra natal, onde atuou como titular da Inspeção de Seguros (a Susep portuguesa).
A ANSP surgiu na vida de Mauro Batista por intermédio de Póvoas. Fundada em 1993 pelo editor da conceituada Revista Seguros & Riscos, Fernando Silveira, a Academia iniciou suas atividades com foco direcionado à premiação de empresas e personalidades de destaque no setor. “Era uma atribuição legítima, porém, nada voltada ao desenvolvimento intelectual”, diz Mauro Batista. Em 1998, Póvoas foi convidado por Silveira para desenvolver a ANSP.
“Ele dedicou-se de corpo e alma para fazer uma entidade que, desvinculada do negocial da indústria, pudesse tratar o seguro como uma conquista de todos os povos e que por isso precisava ser debatido e modernizado no decorrer dos tempos e em todos os lugares. Póvoas entendia que não haveria melhor fórum do que a Academia para tratar disso”, registrou Mauro Batista no artigo intitulado “Uma luz viva entre nós”, em homenagem à memória de Póvoas.
Para o presidente do Sindseg-SP, Póvoas “montou uma estrutura organizacional na academia muito produtiva, em que as pessoas agregadas ao quadro de acadêmicos colaboram com o seu desenvolvimento intelectual”. Póvoas, que presidiu a entidade até 2002, escolheu Mauro Batista para seu sucessor. “Depois de conversarmos muito, abracei a causa”, diz. Hoje, a ANSP, que também mudou sua sede para o novo endereço na Paulista, contabiliza muitas realizações nos doze anos em que é presidida por Mauro Batista. Além de eventos técnicos, a entidade criou o projeto Memória do Seguro e publica o Boletim Opinião Acadêmica, em sua 33ª edição, com artigos produzidos pelos acadêmicos.
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