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Resseguro cresce, mas resultado é negativo

De acordo com análise de Rodrigo Botti, o mercado de resseguro no Brasil mais que dobrou desde a abertura, passando de R$ 3,6 bilhões para R$ 7,8 bilhões. Porém, no último ano, a concorrência acirrada elevou a sinistralidade para 90%.


No I Workshop Seg News Seguros & Serviços, realizado no dia 29 de abril, em São Paulo, o resseguro foi tema da palestra do diretor da Terra Brasis, Rodrigo Botti, que apresentou um panorama do setor desde o fim do monopólio. Desse período ele constatou que o mercado cresceu bastante em número de empresas e em faturamento. Mas, no último ano o resultado foi preocupante. A grande concorrência foi responsável pela baixa lucratividade.

Iniciando a análise a partir do período de cinco anos de mercado aberto (de 2007 a 2012), Botti observou que o IRB, ressegurador monopolista que detinha 100% do mercado, perdeu market share e hoje concorre com mais de cem resseguradoras nacionais e estrangeiras, que atuam na condição de locais, admitidas e eventuais. Atualmente, o mercado de resseguros é dividido entre o IRB, as resseguradoras locais e as estrangeiras, na proporção de um terço para cada.

No período analisado, o resseguro mais que dobrou de tamanho, passando de R$ 3,3 bilhões para R$ 7,8 bilhões. O crescimento médio anual foi de 16,9%; acima de ramos elementares (13,8%) e abaixo da previdência (20,3%). O seguro também cresceu, registrando quase R$ 71 bilhões em prêmios em 2012, contra R$ 34,7 bilhões em 2007.


Ano “terrível”


Em 2013, o volume de R$ 7,8 bilhões de resseguro cedido pelas seguradoras brasileiras representou um crescimento de 21,2% em relação a 2012. Deste volume, R$ 4,99 bilhões foram colocados nas resseguradoras locais, significando um aumento de 28,6% em comparação ao ano anterior. Segundo Botti, as resseguradoras locais detiveram uma participação de mercado de 64% (IRB 32% e outras locais 32%) e as resseguradoras estrangeiras 36%.

Mas, em termos de resultado, ele avalia que 2013 foi “terrível” para o resseguro. Na apuração por grupo, ele informou que o IRB caiu de R$ 450 milhões para R$ 350 milhões e as locais, que somam 14 empresas, passaram de R$ 106 milhões de lucro líquido para um prejuízo de R$ 78 milhões. A sinistralidade disparou, atingindo 90%, bem acima da média do mercado global, que variou entre 50% e 60%.

Ao contrário do que se possa pensar, a causa da alta sinistralidade não foram as indenizações por catástrofes. “A causa foi a grande competição no mercado que empurrou os preços para baixo”. Para o diretor da Terra Brasis, o comportamento “imediatista” do mercado de resseguro, que foca mais em preço, precisa mudar.

Se algumas práticas não mudarem agora, ele acredita que será mais difícil no futuro. “Ou o mercado se torna maduro e perene ou então não passará de um satélite ou algo não relevante para a economia”, alertou. Para Botti, o mercado é jovem, está em transição, mas tem grande potencial. “Na Terra Brasis trabalhamos não para criar uma companhia nova, mas um mercado novo. É um trabalho de longo prazo”, disse.


Texto: Márcia Alves

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