A s insurtechs revolucionaram o mercado segurador com a proposta de disrupção tecnológica e de otimização de processos no setor. As seguradoras tradicionais, por sua vez, conhecem métodos de gestão do negócio que já são comprovadamente eficientes. Ou seja, o famoso Know How adquirido após mais de um século atuando como a rede de proteção da sociedade. Sendo assim, é um caminho perspicaz pensar em unir essas duas potencialidades para maior alcance e eficiência do ecossistema de seguros.
O CEO da Onli, Bernardo Pizzatto Teixeira, concedeu entrevista exclusiva à Insurtalks para falar sobre o espaço que cada uma dessas potências ocupam no mercado de seguros, o impacto que as insurtechs causou na indústria tradicional, a oferta de novos produtos e serviços advindos da parceria entre esses dois tipos de players, as soluções da Onli para ajudar as seguradoras tradicionais e insurtechs a colaborarem entre si e muito mais. Confira abaixo a entrevista:
Insurtalks: O mercado de insurtechs se expandiu bastante no Brasil e, ao contrário do que supunham algumas teorias, o mercado de seguros tradicional também cresceu exponencialmente. Ainda assim, a penetração do seguro no Brasil ainda é considerada baixa. Vocês acreditam que o crescimento de ambas é um indicativo de que o mercado de seguros no país é um espaço frutífero, mas pouco explorado?
Bernardo Pizzatto: Ter um cenário de baixa penetração é ter uma grande oportunidade à frente. E o mercado em todos meios tem muito para crescer. Ao contrário da suposição inicial, as empresas tradicionais e as insurtechs caminham juntas quando se trata de expansão, uma é agregadora a outra e não substituta da outra. O acesso e a distribuição de produtos para públicos diferentes. Com serviços digitais e personalizados, além das suas metodologias ágeis, as insurtechs conseguem ter modelos de negócio escaláveis e menos burocráticos, enquanto as empresas tradicionais trazem o conhecimento e infraestrutura para o negócio.
Insurtalks: As insurtechs modernizaram a indústria de seguros comercializando produtos desenvolvidos a partir da tecnologia. De que forma vocês acham que essa modernização impactou as operadoras tradicionais de seguros?
Bernardo Pizzatto: Grande parte do mercado tradicional de seguros buscou uma rápida adaptação às novas realidades, inclusive entregamos diversas parcerias entre insurtechs e seguradoras tradicionais. Ainda que algumas companhias tenham demorado, atualmente não há quem negue essa necessidade.
O tradicional precisou agilizar seus processos, facilitar trâmites e digitalizar sua distribuição. E essa demanda veio de todas as partes do processo: do representante ao segurado, todo mundo está online e quer optar pelo caminho mais rápido. O consumidor quer ter a possibilidade de comprar 2h da madrugada de domingo, corretor não quer mais trabalhar com 10 portais diferentes, e a seguradora não tem como esperar meses para colocar um produto novo em circulação.
Como insurtech, nós solucionamos cada um desses problemas, sentamos com nossa equipe e desenvolvemos soluções para todos os players. O consumidor que compra um produto num canal desenvolvido pela Onli consegue efetivar a contratação em qualquer hora do dia, o corretor consegue cadastrar sua corretora e escolher diversos produtos de diferentes seguradoras em uma só plataforma, e a seguradora consegue desenvolver um produto do zero, homologar e distribuir em menos de uma semana.
Insurtalks: Como vocês acham que é possível aumentar a oferta de novos produtos e serviços a partir da colaboração entre insurtechs e seguradoras tradicionais?
Bernardo Pizzatto: Aqui na ONLi por exemplo, temos uma plataforma com mais de 500 corretoras cadastradas, se uma seguradora disponibiliza seu produto nessa plataforma por meio de uma API ela alcança, em menos de uma semana, todas essas corretoras.
Outra solução que nós conseguimos oferecer é a plataforma de seguradoras. Se a seguradora escolhe rodar seus processos aqui dentro, nós temos um espaço próprio para criação de produtos, com versionamento, underwriting e homologação que permite que esse produto esteja disponível para distribuição em menos de uma semana.
Ou seja, a colaboração existe para seguradoras que quiserem manter seus sistemas legados ou para aquelas que estão dispostas a mergulhar de cabeça no digital.
Insurtalks: Em relação à experiência do cliente, o que vocês podem apontar como benefício na parceria entre seguradoras e startups de seguros?
Bernardo Pizzatto: Creio que existam muitos benefícios, mas o principal é a agilidade. A jornada do cliente é regida por essa palavra, basta inverter um pouco para ver que facilmente nos identificamos com isso: esperamos que nossos problemas e necessidades sejam atendidos com velocidade, por meio dos canais que escolhemos, com a maior comodidade possível. Não aceitamos mais esperar. Não queremos mais sair de casa para resolver algo.
Escutar isso e oferecer ao cliente essa agilidade é o mínimo para a sobrevivência de qualquer empresa nos dias atuais.
Destacamos aqui a influência do mobile nesse processo todo. A importância da corretora e das seguradoras em ter um canal de venda responsivo, oferecer aplicativos e áreas logadas, são cruciais nessa experiência do cliente.
Insurtalks: A subscrição é um processo complexo que está sendo simplificado e refinado por meio da análise de dados avançada, possível graças à IA (Inteligência Artificial) e Machine Learning. Como vocês acham que, na subscrição, seguradoras e insurtechs podem colaborar mutuamente?
Bernardo Pizzatto: Acredito que este pilar do mercado será o maior beneficiado. Subscrição de seguros tem como base a análise de dados e basicamente a inteligência artificial é um analisar de dados, com uma velocidade, precisão e assertividade muito alta.
A questão será realmente o refinamento das ferramentas para trazer a realidade estes formatos de subscrição e padrão de decisão.
Insurtalks: Existe alguma solução da Onli que ajude as seguradoras tradicionais e insurtechs a colaborarem entre si?
Bernardo Pizzatto: Sim, ONLi por ser uma plataforma unificada de solução, consegue trazer integração de processos e serviços para todos os players do mercado de uma forma muito simples e muito ágil. Atualmente temos Seguradoras tradicionais operando em co-corretagem com Seguradoras de Sandbox, Seguradoras tradicionais usando análise de dados de uma insurtech via nossa plataforma e Seguradoras tradicionais distribuindo produtos através de insurtech de distribuição.
Insurtalks: Vocês acreditam que o próximo passo para a evolução do mercado de seguros será a simbiose mercadológica entre seguradoras e insurtechs?
Bernardo Pizzatto: Acredito que sim, acho inclusive que já estamos vivendo esta simbiose mercadológica, mas o futuro será uma metamorfose, as empresas tradicionais terão que sofrer alterações e mudanças estruturais dentro das companhias para a manutenção e crescimento dentro do mercado. Isto já é muito visível no mercado financeiro que é um mercado um pouco mais evoluído em comparação ao mercado seguros em termos tecnológicos.
Fonte: CQCS
Commenti