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Expectativa de crescimento para o seguro

Mercado acredita na recuperação econômica, apesar do desemprego, e que irá superar as indefinições atuais e crescer.


A maioria das previsões econômicas aponta para a retomada do crescimento neste ano, impulsionada, principalmente, pela expansão do PIB. O Informe Conjuntural – Economia Brasileira, publicado no final do ano passado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), prevê o aumento de 2,5% do PIB e aposta no efeito positivo do crescimento econômico para a geração de vagas de emprego, apontando uma leve queda na taxa de desemprego, de 11,9% para 11,3%.


No entanto, o desemprego é o principal desafio econômico para o país em 2020, segundo a edição de dezembro da Carta de Conjuntura do Setor de Seguros, publicada em conjunto pelo Sindseg-SP e Sincor-SP. De acordo com a Carta, desde 2016, quando a taxa de desemprego atingiu o auge, com 12%, a taxa praticamente se estabilizou, caindo apenas um ponto percentual em 2019, quando registrou 11%. "Nos últimos dois anos, o país se recuperou em diversos indicadores econômicos, mas o desemprego decai de forma mais lenta do que as outras variáveis", alerta o estudo.

O presidente do Sincor-SP, Alexandre Camillo, reconhece que o desemprego impacta a economia, mas acredita que o crescimento econômico fará o índice recuar. “Temos visto o Brasil pegar o ritmo do crescimento que, por consequência, fará com que essa taxa recue e haja o aumento do emprego, estabelecendo aí o círculo virtuoso da economia”, diz.


Expectativa para o seguro

Na edição nº 13 da revista Conjuntura, a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) previu a expansão de 13,4% para o mercado de seguros neste ano, considerando o cenário mais otimista. “Claro que sempre haverá desafios, mas, com um cenário econômico de crescimento, as expectativas para o setor são as melhores”, destaca a coordenadora do Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES) da Escola de Negócios e Seguros (ENS), Natalia Oliveira.

A tendência é que o seguro de pessoas mantenha a liderança. Nos últimos anos, este segmento tem crescimento em média 15% ao ano, superando a inflação e ultrapassando os seguros de ramos elementares. Segundo Natalia Oliveira, esse resultado vem da expansão e desenvolvimento dos produtos de acumulação, principalmente os da família VGBL, motivados pela aprovação da reforma da Previdência e pela recuperação da renda e do emprego dos brasileiros.

Para Camillo, o avanço do seguro de pessoas pode ser atribuído à maior conscientização da população em relação à responsabilidade de garantir o seu próprio futuro. Este despertar ocorreu, a seu ver, a partir da reforma da Previdência, que trouxe o tema à tona. Ele observa, ainda, que os corretores passaram a ofertar mais seguros de pessoas, paralelamente ao surgimento de novos produtos mais palatáveis aos consumidores, caso, por exemplo, das coberturas de seguro de vida que não garantem indenização apenas para a morte, mas também para doenças graves e agregam assistências. “É mais fácil convencer o cliente dizendo que não precisa morrer para receber a indenização”, diz.


Por outro lado, a coordenadora do CPES não descarta a recuperação de ramos elementares a partir das políticas macroeconômicas do governo, ampliação do crédito e redução da taxa de juros. “Os efeitos dessas medidas vão demorar mais do que os impactos diretos da reforma da Previdência, mas a tendência a longo prazo é que haja equilíbrio entre ramos elementares e o segmento de pessoas”, diz.


Na visão de Camillo, ramos elementares estão passando por uma fase de mutação como resultado da combinação de fatores como a desmobilização de estruturas, a economia compartilhada, os projetos de coworking e o crescimento do home office. “Grandes plantas estão sendo diminuídas ou desmobilizadas por processos de uso de tecnologia, que não necessita mais de tanta mão de obra ou do trabalho presencial de funcionários”, diz.


Não apenas a economia, mas também a mudança de hábitos tem afetado ramos elementares, na avaliação de Camillo, que cita o exemplo da diminuição da frota de automóveis. “As pessoas hoje não querem mais tanto a propriedade, elas querem o uso, e o mesmo acontece com as empresas, basta ver o quanto os bancos estão desmobilizando suas agências, isso acaba passando por indústrias, concessionárias de veículos etc.”, diz. Em compensação, ele destaca a tendência de crescimento de seguros de transporte e seguros rurais, dentre outros da área de ramos elementares.


Incertezas

Apesar do prognóstico de crescimento, o mercado de seguros iniciou o ano com algumas indefinições trazidas por medidas do governo anunciadas no final de 2019, como a MP 905, que desregulamentou a profissão de corretor de seguros e excluiu a atividade da supervisão da Susep; a MP 904, que extinguiu o DPVAT; e a consulta da pública da Susep para a segmentação das seguradoras. Em relação a esta última, Natalia Oliveira prevê que o impacto será positivo, aumentando a arrecadação do mercado de seguros.

De acordo com a coordenadora do CPES, na condição de empresas segmentadas, as seguradoras conseguirão investir mais em produtos personalizados, ampliando seu portfólio e atingindo outros nichos, como, por exemplo, o microsseguro. Mas, a concretização desse cenário depende, segundo ela, do canal corretor de seguros. “É preciso que estejam preparados para comercializar esses produtos, com novas formações e atualizações do que vem acontecendo no mercado das seguradoras”, diz.


Para Camillo, as MPs chegaram de maneira atabalhoada, sem as devidas apreciações de todo o setor. “Carecia de diálogo para que o próprio mercado pudesse contribuir para avanços e medidas construídas a quatro mãos”, diz. Segundo ele, tais ações trouxeram intranquilidade e retração para um setor que é produtivo, consolidado e organizado. “O setor, ao longo de anos, já provou tanta resiliência, tanto dinamismo, tanta capacidade de adequação, que não será diferente agora, e vai superar também”, diz.



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