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Solange Vieira fala à imprensa sobre uma nova Susep, menos fiscalizadora e mais participativa


Para a mídia especializada, nova titular comentou a reestruturação da Susep, a fusão com a Previc, o foco na desregulamentação, o maior uso de tecnologia e oferta de mais produtos.

Em sua primeira entrevista coletiva à imprensa especializada em seguros, realizada no dia 29 de maio, na sede da Susep, em São Paulo, a superintendente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Solange Vieira, forneceu um panorama da nova Susep que começa a tomar forma sob a sua gestão. Ela foi franca ao reconhecer que ainda está se inteirando sobre as complexidades do mercado de seguros, mas que está se esforçando.


“Questões atuariais, precificação, sinistros e análise de riscos guardam uma correlação com a previdência e, por isso, tenho essa intuição”, afirmou. Depois de passar pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), Solange afirmou que está preparada para os desafios do setor de seguros. “Na presidência da ANAC, cuidava desde a autorização de voos até a especificação técnica de aeronaves”, disse.


Reestruturação

A nova superintendente informou que a Susep está passando por uma completa reestruturação. “Preciso de um pouco de paciência do setor porque a Susep está se reorganizando. Já nomeamos três diretores, mas ainda chegarão novos assessores”, disse. Ela deixou claro que não partiu da Susep a decisão de extinguir os grupos de trabalho. “O decreto presidencial estabeleceu novas regras para a criação de comissões. Estamos montando as comissões de acordo com essas regras”, disse.


A novidade fica por conta das diretorias temáticas, com foco em previdência, produtos massificados e resseguro. “Serão diretorias mistas: temáticas e de processos”, disse. Muda também o conceito da Susep. “Deixaremos de ser apenas um fiscalizador de normas para nos tornamos mais participativos”, afirmou. Segundo a superintendente, a orientação do ministro Guedes é “mais competição, eficiência e produtividade, preços menores e geração de empregos”.


Fusão com a Previc

A fusão com a Previc é uma questão que tem consumido o seu tempo, entre idas e vindas à Brasília para encontros com a equipe econômica. Solange não quis arriscar uma data para a edição da Medida Provisória que concretizará a fusão. Mas, informou que tão logo a MP seja editada e aprovada pelo Congresso, em dois meses no máximo será divulgada a regulamentação da fusão, cuja norma já está em análise no ministério da Economia.


Apesar de a superagência criada a partir da fusão regular recursos da ordem de R$ 1,9 trilhão, sua estrutura, segundo a titular da Susep, será “minimalista”. A ordem é racionalizar os recursos e aproveitar a infraestrutura e sinergia dos dois órgãos. Novas contratações estão descartadas, mas é provável que haja investimentos em tecnologia. De qualquer forma, essa discussão ficará para o próximo ano.


Desregulamentação

Tanto a Previc como a Susep, na visão de Solange, são órgãos muito cartoriais, sobretudo em relação a novos produtos. A flexibilização e a maior liberdade para as empresas é uma de suas metas para aumentar a agilidade do mercado. “O ideal seria uma autorização prévia para os produtos, que poderia ser revista pela Susep a posteriori. Mas, seria necessário um estudo do marco regulatório legal, porque algumas questões são infralegais, e podemos alterar, mas outras precisam da aprovação de lei no Congresso”, disse.


Aumentar a penetração do seguro é outra meta da nova Susep. Diante desse propósito, Solange entende que “criar barreiras é coisa do passado”. Ela pondera que o setor abriu o resseguro, mas ainda tem muito o que fazer. O papel da Susep, segundo a superintendente, juntamente com a CVM e Bacen é reforçar a educação financeira. “As pessoas precisam entender as vantagens de fazer seguro”, afirmou. Menos intervenções nas empresas e a agilidade no pagamento de sinistros são formas, a seu ver, de mostrar ao consumidor que o mercado funciona bem.


Tecnologia e insurtechs

Tecnologia é prioridade para a Susep, segundo a sua titular. “Acredito na revolução tecnológica que está acontecendo e gostaria muito que o nosso setor estivesse nesse processo”, disse. Para abrir caminho às insurtechs, a superintendente informou que está em discussão a possibilidade de uma regulação por segmentação.


Nesse sentido, uma ideia seria o chamado sandbox regulatório, que já está em prática em outros países. Trata-se de um modelo que permite às novas empresas, especialmente na área de serviços, atuarem sem cumprir os requisitos impostos pela regulamentação, por um período determinado. “Seria uma espécie de laboratório, com regras mais flexíveis e com liberdade, por um período, para que as empresas entrem no mercado, se desenvolvam e até sejam compradas. Isso daria mais dinamismo ao mercado”, afirmou.


Na visão de Solange, a tecnologia poderia viabilizar a massificação de seguros mais simples, como para celular, computador, bicicleta e outros. Com isso, o corretor de seguros, cujo papel ela reconhece a importância, passaria por uma mudança. “O corretor poderá migrar para seguros mais complexos, como grandes riscos”, disse. Uma das raras aparições públicas da nova superintendente será no CQCS Insurtech & Inovação, no dia 12 de junho, quando apresentará palestra sobre tecnologia. “Quem sabe a gente apresente uma nova norma para insurtech”, disse.


Fonte: APTS | Texto: Márcia Alves




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