Em meio ao avanço das novas tecnologias no seguro, corretores deverão liderar o processo de crescimento do mercado, disse Boris Ber, no almoço do CVG-SP.
As novas tecnologias e inovações, como big data e biotecnologia, carro autônomo, impressão 3D e as moedas digitais, estão provocando disrupções na operação e distribuição de seguros. A atividade de corretagem de seguros, em especial, passará por profundas transformações. Mas, não irá sucumbir. Em vez disso, os corretores de seguros poderão assumir a liderança no processo de crescimento do mercado, segundo o presidente em exercício do Sincor-SP, Boris Ber. Dia 20 de setembro, ele apresentou o tema “A relação entre a era digital e o corretor de seguros”, durante almoço do CVG-SP.
Boris Ber retrocedeu no tempo para pontuar os momentos em que a corretagem de seguros foi impactada pela tecnologia. A década de 90 foi marcada pela informatização. A partir dos anos 2000 o uso do telefone e e-mail em substituíram a venda de porta em porta. Por fim, em 2005, com o advento da internet, o consumidor passou a ser protagonista da relação e os contatos presenciais foram reduzidos. “Hoje, o fluxo de informação mudou. As longas conversas que antecediam a venda de seguros deram lugar a contatos rápidos”, disse. Segundo Boris Ber, a tecnologia não afeta apenas a contratação de seguro, mas também muda a forma de pensar.
Novas tecnologias
O presidente do Sincor-SP elencou algumas novas tecnologias e inovações que deverão mudar radicalmente a operação de seguros. Uma delas é a biotecnologia, que é capaz de mapear a estrutura biológica do segurado e prever o desenvolvimento de doenças antes que os sintomas apareçam. Outra é o big data, que serve para a utilização inteligente de dados dos clientes, permitindo aprimorar a seleção de risco e oferecer produtos que realmente sejam do interesse e necessidade do consumidor. “Com apenas alguns cliques é possível ter acesso a um mundo de informações. Dá até medo”, disse.
Ele citou, ainda, o carro conectado, já em produção em algumas montadoras, que dispensa o motorista, detecta e avisa antecipadamente as colisões. Já a impressão 3D, em sua opinião, será um desafio para os ramos de saúde e vida caso se confirme a previsão de cientistas de que em poucas décadas será possível produzir órgãos humanos para transplante. Hoje, esse equipamento é utilizado para a fabricação de tecidos da pele e cartilagem. Por fim, as moedas virtuais, como o bitcoin, já contam com a proteção do seguro para as transações.
No âmbito do seguro de vida, Boris Ber destacou como inovação o uso da telemetria para coletar dados dos segurados e medir o comportamento do usuário nas redes sociais. Em outros países, segundo ele, existem aplicativos para traçar o perfil de risco do segurado, por meio do monitoramento de atividade física, percentual de glicose no sangue e, até mesmo, o número de batimentos cardíacos.
Desafios para o corretor
Segundo Boris Ber, algumas poucas corretoras de seguros estão fazendo parcerias com empresas de tecnologia para agilizar as relações com o cliente por meio da internet. Entretanto, ele avalia que é grande o número de corretores que adotam métodos de vendas do passado. “Ainda estão na boa e velha pasta do segurado”, disse. Para estes, aconselha investir no próprio negócio, sob pena de não sobreviverem às mudanças tecnológicas. “Se não botarem o pé nessa canoa, estarão mortos sem perceber”, alertou.
Mas, ele reservou papel de destaque para a categoria no futuro. “O corretor de seguros não vai acabar, mas apenas se modificar”, disse. Para Boris Ber, os corretores precisam assimilar as mudanças, como, por exemplo, no seguro automóvel. “Mudou completamente, hoje, os jovens não se preocupam mais com automóvel, porque existe a Uber, carro por assinatura e por locação”, disse. Nesse sentido, ele mencionou que o Sincor-SP tem agido para incentivar o empreendedorismo dos corretores e a atuação em outros ramos, como no seguro de vida.
Na visão de Boris Ber, o corretor deverá liderar o processo de crescimento do mercado. Mas, desde já, precisará praticar o cross selling. “O corretor tem em casa um monte de leads quentes, porque ele conhece o segurado, sabe das suas necessidades e tem a sua confiança. Então, precisa perder o medo de oferecer outros seguros na hora da renovação”, disse. Ele advertiu, no entanto, que é preciso inovar no atendimento. Nesse aspecto, cobrou maior participação das seguradoras. “Sinto falta de propostas inteligentes para ajudar o corretor”, disse.
Questionado pelo presidente do CVG-SP, Silas Kasahaya, sobre o futuro do corretor, Boris Ber, afirmou que a categoria, assim como o povo brasileiro, costuma reagir apenas quando é demandada. Entretanto, ele acredita que as novas tecnologias obrigarão os corretores a reagirem. Se, por um lado, alguns seguros “fugirão” da carteira dos corretores, por outro, ainda haverá muito espaço a ser preenchido, em sua opinião. “O corretor deve perder o medo de que a tecnologia possa implodir a categoria. Não vai, ela veio para ajudar. A venda por aplicativo, por exemplo, não tem a mesma qualidade da venda consultiva”, disse.
Compondo a mesa de autoridades, o mentor do Clube dos Corretores de Seguros de São Paulo (CCS-SP), Adevaldo Calegari, destacou a preocupação da entidade com tema, mas ponderou que sempre haverá espaço para o corretor especialista. “O grande segredo do sucesso é o conhecimento, foco e persistência. O corretor jamais irá desaparecer. Ele se tornará um profissional mais criativo”, disse.
Fonte: APTS |por: Márcia Alves