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APTS em evento com Bolívar Lamounier sobre perspectivas políticas


O presidente da APTS, Osmar Bertacini, marcou presença no evento da Escola Nacional de Seguros, em suas novas instalações na Rua Augusta, dia 14 de julho. Na ocasião, o tema “Situação Atual e Perspectivas Políticas do Brasil, 2016-2017” foi apresentado pelo o prof. Dr. Bolívar Lamounier. Além do presidente da Escola, Robert Bittar, e do presidente da Fenacor, Armando Vergílio, o evento contou com a presença de diversos convidados e autoridades.


De acordo com Lamounier, o turbulento cenário político e econômico atual têm suas razões no passado. A começar pela influência do facismo, que foi uma poderosa corrente de pensamento na metade do século passado, e, posteriormente, do marxismo, que moldou o pensamento brasileiro. Ambas as correntes explicam a tendência estatizante e intervencionista presente no país, mas não são as únicas responsáveis pelo atual cenário.

Para Lamounier, outra razão foi o país ter adotado como projeto de desenvolvimento a industrialização, em sintonia com as ideias da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina), cujo maior ícone foi Celso Furtado. “A ideia era a industrialização a qualquer preço, de maneira acelerada, sem se preocupar com a inflação ou a educação. A ideia era que se o país crescesse economicamente, todo o resto se resolveria automaticamente”, disse.


O país cresceu, mas o resultado, segundo o cientista político, não é muito bonito de se ver. A escalada da inflação era considerada um “mal menor” para os idealizadores do projeto de industrialização. A questão é que o crescimento a qualquer custo acabou por sacrificar os investimentos em uma área vital: a educação. A consequência, segundo Lamounier, foi o surgimento de uma espécie de “apartheid educacional”, em que a educação é privilégio de apenas 15% da população. “Penso que ou mudamos a matriz de desenvolvimento ou estamos fritos”, disse.


Para Lamounier, outro grande equívoco dos brasileiros foi acreditar que o país precisava de um líder carismático para resolver todos os problemas. “Foi uma miragem do que o PT poderia vir a ser”, disse. Em seus 13,5 anos no poder, o governo PT seguiu o modelo de desenvolvimento da China. “A ideia era a mesma: crescer a qualquer preço aceleradamente e o resto se encaixa depois”, disse. Mas, nem mesmo o modelo chinês não deverá se sustentar nos próximos 30 ou 40 anos, segundo o cientista político.


Em relação ao futuro, Lamounier ressalta que “não há solução à vista”, até porque falta interesse da sociedade na solução dos problemas. Para o cientista político, o país precisa de uma grande reforma com foco na educação, priorizando o ensino superior gratuito. “Se não fizermos nada, não sairemos desse imbróglio”, disse.


Sobre o cenário no país após a confirmação do impeachment, Lamounier descartou a volta da presidente afastada. “Seria uma catástrofe. Não teria base política”, disse. Segundo ele, atualmente, mesmo diante da situação de indefinição, os investidores estão acreditando no país e a situação está melhorando. “Se Temer conseguir colocar a economia em ordem já será um bom uso desses dois anos”, disse.


Fotos: Carlos Candido

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